Reclamação de Hermes

Look there, monsters ;

As ruas de Phoenix, capital do Arizona, não estavam muito movimentadas naquela madrugada. Há poucos carros passando pelas ruas e a maioria dos estabelecimentos comerciais estavam fechados. Sinto fome e começo a me arrepender de ter fugido de causa só porque minha mãe não quis comprar meu videogame novo.

Por sorte - e depois de 20 minutos de muita procura - encontro uma lanchonete. Cruzo a sua entrada e me deparo com uma garçonete, uma linda garçonete.

- Bem vindo! O que lhe traz aqui em uma noite tão fria, meu lindo? Oh, não responda. Eu já sei. LANCHES! Vou preparar algo para você - ela sorri e vira o rosto para o lado - Kelly, venha aqui! Nós temos um cliente.. - [/color]ela, por um mísero segundo, fica de costas para mim, dando-me a oportunidade de observar o seu corpo escultural. Os seus longos cabelos loiros realçavam ainda mais a sua pele branca. A garçonete era irresistível. Ela me guia até uma das várias mesas vazias e eu me sento.

Deslumbrado por sua beleza, eu nem me importo quando ela se aproxima de mim, tira a minha mochila das costas - com todos os meus pertences - Você não vai precisar disso, não é mesmo, benzinho? - ela diz, dá uma piscadinha para mim e eu concordo com a cabeça. Eu parecia um adolescente, tendo o primeiro amor - Não sei onde a Kelly está, mas não importa. Posso te tratar muito bem sem a ajuda dela - ela diz com as mãos na cintura e se vira para mim. Olha-me de cima embaixo como se eu fosse um grande pedaço de carne a ser avaliado em um mostruário de um açougue e morde os seus lábios, os seus irresistíveis, lábios. Eu me levanto e ela me agarra pela cintura, ela dá um beijo bem estalado em minha bochecha, um ferimento se forma no local e eu sinto bastante dor, mas a sensação é tão prazerosa que eu não ligo. Ela guia os seus beijos até o canto da minha boca e, antes dela tocar os meus lábios, me jogo para trás.

Pego a minha cadeira pelo pé e arremesso na cabeça da garçonete - que, em algum momento, teve a sua aparência modificada para um bicho estranho com um monte de dentes afiados, olhos vermelhos e pés engraçado - antes que ela possa se defender. Ela recua alguns centímetros e avança na minha direção. Corro para fora da lanchonete e lá encontro um trio de adolescentes da minha idade vindo na direção da lanchonete - VOLTEM!!! ELA É UM MONSTRO! - ordeno, mas, ao invés de fugirem, eles aceleram ao passo e vêm ao meu encontro. Quando a garçonete-monstro está quase me alcançando e suas unhas (não unhas humanas comuns, unhas de monstro, do tipo que você consegue ter certeza que são capazes de cortá-lo em tirinhas) rasgando a minha camisa por trás, algo passa por cima do meu ombro. Olho para trás e vejo uma flecha dourada presa na testa da monstrenga. Os seus olhos perdem o foco, ela solta um som estranho e se dissolve em pó. É, em pó. Como uma criança dando um chute em um castelo de areia feito na praia.

- Ei. Quem são vocês? - olho novamente para os três e um deles tem uns pés muito estranhos. Todos estão armados - Vocês têm armas matadoras de monstros? Legal.. - eles sorriem e me contam o que aconteceu.

Na realidade, dos três, só dois são humanos. O outro é um sátiro - um bode, meio humano e meio mágico. Eles me contaram sobre a mitologia, que os deuses gregos não são só reais; eles ainda existem, contaram que o pai deles - o deus Hermes - os enviaram para escoltarem-me até o acampamento onde eles treinam e usam as armas matadoras-de-monstros. Contam, também, que a garçonete, na realidade, é uma Empousa. Uma criatura que, dificilmente, um homem pode enfrentar - Ah, tudo bem. Eu sou gay. Nem Afrodite em pessoa consegue mudar isso - disse isso a eles.